🌙 Segunda Geração do Romantismo Brasileiro – Ultrarromânticos
🌙 Segunda Geração do Romantismo Brasileiro – Ultrarromânticos
A segunda geração romântica no Brasil, que surgiu a partir de 1850, também é chamada de ultrarromântica ou do “mal do século”. Diferente da primeira geração, que exaltava a pátria e o índio, os ultrarromânticos voltaram-se para o eu lírico, explorando sentimentos profundos como melancolia, saudade, amor impossível e pessimismo existencial. Essa fase foi fortemente influenciada pelo romantismo europeu, especialmente os autores Byron e Musset.
✒️ Características principais:
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Subjetivismo intenso e introspectivo;
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Melancolia, tédio e pessimismo;
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Amor impossível e idealizado;
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Valorização da morte e da fuga da realidade;
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Nostalgia do passado ou da infância.
👤 Autores de destaque:
Álvares de Azevedo (1831–1852)
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Maior representante da geração ultrarromântica;
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Mistura humor, dor e morbidez em seus poemas;
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Obra famosa: Lira dos Vinte Anos.
Casimiro de Abreu (1839–1860)
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Destaca-se pelo sentimentalismo e nostalgia da infância;
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Obra famosa: Meus Oito Anos.
Fagundes Varela (1841–1875)
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Combina ultrarromantismo com religiosidade;
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Temas: morte, perda e sofrimento pessoal;
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Obra famosa: Cântico do Calvário.
📖 Exemplos de poemas com links:
1. “Se eu morresse amanhã” – Álvares de Azevedo
“Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã,
Minha mãe de saudades morreria,
Se eu morresse amanhã!”
Leia o poema completo
2. “Meus Oito Anos” – Casimiro de Abreu
“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!”
Leia o poema completo
3. “Cântico do Calvário” – Fagundes Varela
🔍 Análise do poema – “Se eu morresse amanhã” (Álvares de Azevedo)
O poema “Se eu morresse amanhã” é um exemplo clássico da segunda geração do Romantismo brasileiro, conhecida como ultrarromântica, e reflete com intensidade os principais traços dessa fase literária. A obra concentra-se na experiência subjetiva do eu lírico, abordando a morte precoce, o amor e a dor, o subjetivismo extremo e a fuga da realidade, elementos que definem o ultrarromantismo.
1. Morte precoce e consciência da finitude
A primeira característica evidente no poema é a reflexão sobre a mortalidade. O eu lírico antecipa o próprio fim, demonstrando uma familiaridade com a ideia da morte que era comum entre os autores ultrarromânticos, muitos dos quais faleceram jovens, como é o caso do próprio Álvares de Azevedo. A morte, nesse contexto, não é apenas um evento biológico, mas um tema carregado de significado simbólico: representa a libertação das dores, frustrações e limitações da vida cotidiana, tornando-se quase um refúgio desejado.
2. Amor e dor entrelaçados
O poema evidencia uma intensa ligação entre amor e sofrimento. O eu lírico se preocupa com aqueles que permaneceriam vivos após sua morte, como a mãe e a irmã, demonstrando sensibilidade afetiva, mas também um profundo lamento existencial. Esse entrelaçamento entre afeto e dor revela a característica ultrarromântica de transformar sentimentos pessoais em experiências universais de sofrimento, gerando empatia e identificação no leitor.
3. Subjetivismo extremo e introspecção
O poema é profundamente introspectivo: todo o foco está nos sentimentos, percepções e pensamentos do eu lírico. Diferente da primeira geração, que exaltava a pátria e os ideais coletivos, a segunda geração concentra-se no individual, explorando emoções íntimas e pensamentos melancólicos. Esse subjetivismo exagerado evidencia o romantismo voltado para o eu, onde a experiência pessoal é central e a realidade externa é secundária ou até mesmo desprezada.
4. Fuga da realidade e idealização da morte
Outro ponto central é a fuga da realidade. A vida é retratada como fonte de sofrimento e decepções, enquanto a morte aparece como solução, um ato libertador capaz de proporcionar paz e consolo. Esse desejo de transcender a vida e idealizar o fim é um dos elementos que caracterizam o ultrarromantismo brasileiro, refletindo o chamado “mal do século”, influência direta da literatura europeia da época, marcada pelo pessimismo, pelo tédio existencial e pela contemplação da finitude humana.
Conclusão da análise
“Se eu morresse amanhã” sintetiza perfeitamente o espírito da segunda geração romântica: um mergulho profundo na subjetividade, na dor, na melancolia e na idealização da morte. Álvares de Azevedo utiliza uma linguagem simples, mas carregada de emoção, transformando sua experiência pessoal em poesia universal. A obra revela a habilidade do poeta de capturar a complexidade dos sentimentos humanos, criando uma atmosfera intensa e introspectiva que se tornaria marca registrada do ultrarromantismo brasileiro.
👤 Álvares de Azevedo (1831–1852)
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Nasceu em São Paulo;
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Publicou Lira dos Vinte Anos, Noite na Taverna e poemas dispersos;
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Morreu aos 20 anos, vítima de tuberculose;
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Legado: consolidou o tom sombrio e melancólico da segunda geração, influenciando toda a poesia ultrarromântica brasileira.
👤 Casimiro de Abreu (1839–1860)
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Nasceu no Rio de Janeiro;
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Publicou Primaveras e poemas nostálgicos;
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Morreu aos 21 anos, também vítima de tuberculose;
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Legado: sua poesia sentimental e nostálgica é símbolo da idealização da infância e do amor impossível.
👤 Fagundes Varela (1841–1875)
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Nasceu em Rio Claro, São Paulo;
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Publicou poesias e textos que unem ultrarromantismo e religiosidade;
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Faleceu aos 34 anos;
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Legado: transformou dor pessoal e perda em poesia, unindo emoção intensa e reflexão espiritual.
Conclusão:
A segunda geração do Romantismo no Brasil trouxe ao centro da literatura o eu lírico e os sentimentos mais profundos, como a melancolia, a saudade e o amor impossível. Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela representaram essa fase com obras que exploram a morte, a nostalgia e a dor, consolidando um estilo introspectivo e sombrio que se tornou marca do ultrarromantismo brasileiro.
- vou anexar também um vídeo , com um resumo completo sobre a segunda geração.
- Vídeo Resumo
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